terça-feira, 17 de setembro de 2013

TODO DIA

Todo dia o mesmo rosto. Quando não é ao lado na cama, é na mensagem de boa noite que chegou um pouco depois de eu me deitar ou no chat da rede que pula assim que desbloqueio o celular e calo o despertador. Todo dia o mesmo sorriso.

Todo dia o mesmo corpo. Quer dizer, queria eu que houvesse cama todo dia, mas temos que nos limitar aos dias em que podemos estar juntos. Não morar junto tem as suas desvantagens, apesar de você sempre enumerar as coisas boas. Cada um tem seu espaço, vive repetindo. Todo dia a mesma voz no ouvido. Se não no escuro do quarto, na ligação no meio da tarde só pra saber como tá o dia.

Todo dia o mesmo problema. Se não é o mesmo (a balança que insiste em dizer que você precisa emagrecer), os novos que encontram em mim um perfeito pára-raio. Tudo bem. Divida comigo as tristezas, multiplique a felicidade. Todo dia as mesmas manias. Eu posso jurar que você tem TOC. Você pode jurar que eu tenho implicância mesmo.

Todo dia. Já tem um tempo. Apesar de todas as diferenças, todo dia a gente levanta sabendo que se completa. Todo dia. Pode parecer enjoativo, e não fugimos da responsabilidade de tentar correr disso. Quem me pergunta se nunca pensei que poderia ter outras possibilidades, outras histórias, conhecer outras pessoas, sempre me escuta respondendo do mesmo jeito: não seria eu. Todo dia vejo o rosto dela e tenho certeza de que eu nasci pra isso. Nasci pra só amar esse homem.

Todo dia, pelo resto dos nossos dias.


~ Gustavo Lacombe