terça-feira, 26 de março de 2013

Dois Toques

Dois toques, ele atende. Eu ligava pra saber a verdade. A incômoda e dolorida verdade. Aquela que entraria por um ouvido e atingiria meu coração. Desceria pelas pernas me fazendo perder o equilíbrio e, por fim, me derrubaria. Seria duro, seria complicado ter que ouvi-lo dizer aquilo, mas era necessário.

Quando a voz dele ecoou pela minha cabeça, eu apaguei. Sempre havia o nervoso antes dele atender. Aquela coisa gostosinha que vai batendo junto com o tocar do telefone e faz o sentimento pulsar no mesmo compasso. E que sempre interrompido pela voz. A mesma voz que eu amava ouvir dizer "alô".

Havia um agravante. Ao mesmo tempo em que ele me perguntava como estava, ao mesmo tempo em que eu queria perguntar minhas dúvidas, ao mesmo tempo em que o meu amor me fazia travar, ao mesmo tempo em que a saudade me apertava. Ao mesmo tempo em que tudo isso acontecia, o álcool corria nas minhas veias.

Foi assim. Eu liguei pra perguntar se ele tinha outra, se ele estava vendo uma pessoa qualquer, se ele estava traindo toda a confiança que eu tinha colocado nele, mas não consegui. Desarmei meu questionário. Eu tinha meus motivos e ele não precisava entender. Só que eu entendia porque não conseguia perguntar.

Eu o amava demais para querer saber. Eu o amo. E foda-se.



' Gustavo Lacombe

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