quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Da varanda eu posso ver a rua. Fecho a cortina para que aqui dentro fiquemos a sós. Não queremos ninguém vigiando. Mais duas portas cerradas e agora somos, literalmente, dois amantes entre quatro paredes. Debaixo da coberta, você faz charminho pra mim. Logo se vira, encara meu rosto e me beija. Mal sabe o que eu passei pra tê-lo. Só começando nosso dia, mas a recompensa já me chega. É a tua boca na minha, minha pele na tua. É a vontade, nua e escancarada, que o amor nos faz vestir. Sabe-se lá que horas acaba – a gente não marca -, mas começou faz tempo. Num sonho perdido ou numa dessas madrugadas, eu já imaginava a cena, já planejava invadir o teu mundo e não sair por mais nada.

(G. Lacombe)

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